segunda-feira, 29 de abril de 2013

EM DEFESA DA VERSÃO GREGA (Eclesiástico)


INTRODUÇÃO

O livro do Eclesiástico, ou também chamado como “Sabedoria de Ben Sirac” é o maior livro entre os deuterocanônicos. Segundo a vulgata de São Jerônimo, é o último dos livros sapienciais. Estaremos aqui, apresentando provas de que o livro é rejeitado porque muitas pessoas simplesmente desconhecem a obra e nem imaginam do grande uso que a Igreja antiga e atual sempre fez.

A CANONICIDADE DO LIVRO

  • Jesus narra uma parábola citando os textos do livro.
Eclo 11,18-20 – Há homem que enriquece, vivendo com economia, e a única recompensa que dela usufrui é a de poder dizer: Achei o repouso, vou agora desfrutar meus haveres sozinho. E ele não considera que o tempo passa, que vem a morte, e que, ao morrer, tudo deixará para os outros.

Lc 12,16-21E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.

  • Descida de Cristo no Hades é profetizada.
Eclo 24,44-45Pois a luz da ciência que eu derramo sobre todos é como a luz da manhã, e de longe eu a torno conhecida. Penetrarei em todas as profundezas da terra, visitarei todos aqueles que dormem, e alumiarei todos os que confiam no Senhor.

I Pe 3,18-20 – Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.

  • O “Verbo de Deus”.
Eclo 1,5 – O verbo de Deus nos céus é fonte de sabedoria, seus caminhos são os mandamentos eternos.

Jo 1,1No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

  • A “língua”.
Eclo 28,23-26 – Feliz aquele que está ao abrigo da língua perversa, que não passou pela cólera dela, que não atraiu sobre si o seu jugo, e que não foi atado pelas suas correntes, pois o jugo dela é um jugo de ferro, e suas correntes, correntes de bronze. A morte que ela dá é morte desastrada, e a moradia dos mortos é-lhe preferível. Ela durará, mas não sempre; ela dominará o proceder dos injustos, e os justos não serão devorados pelas suas chamas.

Tg 3.5-6Assim também a língua é um pequeno membro, e gloriar-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.

  • Objeção protestante: O livro descrimina a mulher.
É normal que muitos usem algumas passagens do livro do Eclesiástico para dizer que a obra era preconceituosa em relação à mulher, porém, se olharmos outros livros “protocanônicos”, veremos que os mesmos possuíam as mesmas ideias. O fato aqui é entender a cultura de uma época distante. As menções de Eclesiástico não diferem de outras e por esse motivo, não tira sua canonicidade.

Eclo 3,17 e 23A tristeza do coração é uma chaga universal, e a maldade feminina é uma malícia consumada. Não há cólera que vença a da mulher. É melhor viver com um leão e um dragão, que morar com uma mulher maldosa.

Pr 19,13
O filho insensato é uma desgraça para o pai, e um gotejar contínuo as contendas da mulher. 

Pr 21,19
É melhor morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e irritadiça. 

Pr 25,24
Melhor é morar só num canto de telhado do que com a mulher briguenta numa casa ampla. 

CONCLUSÃO


Através das passagens citadas e comparadas acima, entendemos que os eventuais e comuns argumentos daqueles que desmerecem os deuterocanônicos, não passam de mentiras. Como é possível ver, uma rápida análise dos versos, já nos mostra a verdade bíblica. 

Em Cristo;

Érick Gomes











EM DEFESA DA VERSÃO GREGA (Sabedoria)



INTRODUÇÃO

Seguindo a linha dos demais artigos, comentaremos neste texto o livro da “Sabedoria”. Escrito em grego entre os anos 150 a 50 a.C, constitui obra importante da versão dos 70. Está incluindo no cânon católico e orotodoxo. É rejeitado pelos protestantes. 

Desde o início da Igreja, este livro tem sido usado grandemente pelos Pais da Igreja, sendo obra primordial para a doutrina Cristã. Entre várias citações, encontramos a de Gregório de Nazianzo:

E como devemos preservar a verdade de que Deus penetra todas as coisas e preenche tudo, como ESTÁ ESCRITO: Não encho eu os céus e a terra? Diz o Senhor (Jeremias 23.24) e O Espírito do Senhor enche o mundo (Sabedoria 1,7), se Deus contém em parte e em parte está contido”. (1)

A CANONICIDADE DO LIVRO

  • O livro menciona que a Sabedoria é o resplendor da Luz, Cristo é a Sabedoria.
Sb 7,26É ela (sabedoria) uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus, e uma imagem de sua bondade.

Hb 1,3O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas.

  • Profecia da morte de Cristo.
Sb 2,13-20 – Ele se gaba de conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor. Sua existência é uma censura às nossas ideias; basta sua vista para nos importunar. Sua vida, com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são muito diferentes. Ele nos tem por uma moeda de mau quilate, e afasta-se de nosso caminhos como de manchas. Julga feliz a morte do justo, e gloria-se de ter Deus por pai. Vejamos, pois, se suas palavras são verdadeiras, e experimentemos o que acontecerá quando da sua morte, porque, se o justo é filho de Deus, Deus o defenderá, e o tirará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo por ultrajes e torturas, a fim de conhecer a sua doçura e estarmos cientes de sua paciência. Condenemo-lo a uma morte infame. Porque, conforme ele, Deus deve intervir.

Mc 14,61-65Mas ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu. E o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte. E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe punhadas, e a dizer-lhe: Profetiza. E os servidores davam-lhe bofetadas. 

  • Paulo cita uma passagem do livro para ensinar a passagem pelo “fogo”.
Sb 3,5-6 – e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, achou-os dignos de si. Ele os provou como ouro na fornalha, e os acolheu como holocausto.

I Cor 3,15 – Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

  • Objeção protestante: “O livro diz que a Sabedoria salva”.
Um dos argumentos usados normalmente por outras confissões é dizer que a obra ensina que a “sabedoria salva”. Na verdade, o escritor nada mais menciona aquilo que outros livros (aceitos pelos mesmos) já dizem! Vejamos:

Sb 9,18Assim se tornaram direitas às veredas dos que estão na terra; os homens aprenderam as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos.

Pr 28,26 – O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo. 

CONCLUSÃO

A verdade deve ser registrada, afim de que, muitas pessoas sejam libertadas. É simplesmente inaceitável que uma obra como a da Sabedoria seja recriminada por outras confissões, uma vez que, a ideia literária do livro se faz presente até mesmo em uma profecia da morte de nosso Senhor e Salvador.

Em Jesus Cristo;

Érick Gomes.

FONTES UTILIZADAS

(1) Oração 28.7 (380 d.C)




















segunda-feira, 22 de abril de 2013

EM DEFESA DA VERSÃO GREGA (I e II Macabeus)


INTRODUÇÃO

Dando continuidade na defesa dos livros deuterocanônicos, colocarei aqui uma breve explicação sobre essas duas obras tão belas que narram a história dos irmãos Macabeus, especificamente de Judas Macabeu, um libertador do povo judaico do seu tempo. Farei aqui algumas comparações com outros textos das escrituras protocanônicas para assim, demonstrar que alguns problemas encontrados por parte daqueles que não aceitam esse livro, não passam de conjecturas. 

I MACABEUS
  • A FESTA DA DEDICAÇÃO

A maioria das festas do povo judeu podem ser encontradas em muitos livros, no entanto, lemos no evangelho de João a respeito de uma comemoração, sendo ela chamada de "festa da dedicação":


Jo 10,22-23Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação e era inverno. Jesus caminhava no templo, no pórtico de Salomão.

Dificilmente você encontrará menção dessa celebração em algum livro do cânon hebraico, uma vez que, a instituição desta festa encontra-se apenas no primeiro livro dos Macabeus:

I Mc 4,59Então Judas e seus irmãos e toda a assembleia de Israel, determinaram que os dias da Dedicação do altar fossem anualmente celebrados, no seu devido tempo, pelo espaço de oito dias, a partir do dia vinte e cindo do mês de Casleu, com júbilo e alegria.


  • OS MÁRTIRES

A literatura do livro de Macabeus se cruza com a obra do Apocalipse ao verificarmos um pedido similar que é feito para o "Rei". Assim como as Almas dos justos clamavam a Deus por justiça, assim os Israelitas foram ao Rei clamar por justiça:


I Mc 6,22-23E foram dizer ao Rei: Quando pensas fazer justiça e vingar nossos irmãos?

Ap 6,10E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?


  • ENTREGOU SUA VIDA / SE ENTREGOU

Aqui encontramos mais uma comparação feita das palavras de Cristo que utilizava os livros gregos.  Eleazar se entregou a morte para salvar seu povo. Jesus se entregou a morte para salvar o mundo.


I Tm 2,6 Que se entregou em resgate por todos e como testemunho no momento oportuno.

I Mc 6,44 Entregou sua vida para salvar seu povo e assim ganhar fama imortal.


II MACABEUS
  • RESSURREIÇÃO

No livro de Hebreus, capítulo onze, identificamos vários atos heroicos que o escritor menciona citando vários personagens importantíssimo para a história do povo de Deus, porém, um deles nos chama a atenção: aqueles que aceitaram a tortura na esperança da 
ressurreição. Esse relato é encontrado no livro de segunda Macabeus. 


II Mc 7,13-14 Quando morreu este, torturaram de modo semelhante o quarto. E quando esteve para morrer, disse: vale a pena morrer nas mãos dos homens, quando se espera que o próprio Deus nos ressuscitará.

Hb 11,35 Algumas mulheres recuperaram ressuscitados os próprios maridos. Outros torturados, recusaram livrar-se, preferindo uma ressurreição de maior valor.


  • SACRIFÍCIO EXPIATÓRIO

Muito se especula nesta obra alegando que Judas Macabeu realiza um sacrifício expiatório em favor dos mortos. É certo dizer que Judas não o faz por achar simplesmente válido, mas sim, por seguir aquilo que a lei ensinava:

Lv 4,3 Se for um sacerdote ungido que cometeu a transgressão, comprometendo assim o povo, oferecerá ao Senhor pela transgressão cometida um bezerro sem defeito, em SACRIFÍCIO EXPIATÓRIO.

II Mc 12,45-46 Mas, considerando que aos que morreram piedosamente estava reservado um magnífico premio, a ideia é piedosa e santa. Por isso, fez uma EXPIAÇÃO pelos caídos, para que fossem libertos do PECADO.

  • ORAÇÃO PELOS MORTOS

Outro problema que muitos protestantes enxergam na passagem de II Mc 12.45-46 é a respeito do sacrifício expiatório para os falecidos. Muitos se opõem a passagem alegando que os “mortos nada sabem de coisa alguma”, porém, como as próprias escrituras atestam, Paulo na segunda epístola a Timóteo ora por Onesíforo (já morto) para que no dia do Senhor ele encontre misericórdia diante do Pai.  

II Mc 12,45 – Mas, considerando que aos que morreram piedosamente estava reservado um magnífico premio, a ideia é piedosa e santa.

II Tm 1,16-18O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias. Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou. O Senhor lhe conceda que naquele dia ache misericórdia diante do Senhor. E, quanto me ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu.


  • SUICÍDIO 

Alguns argumentam que o livro de Macabeus ensina o “suicídio”, porém, se esquecem que ao olharmos todas as escrituras, encontramos escritas semelhantes, isto é, tirar a canonicidade de um livro por argumentos irrelevantes é pífio. Saul, primeiro Rei do povo escolhido, prefere “transpassar” a espada e ter uma morte digna, do que ser morto pelos próprios inimigos.

II Mc 14,40-42 – supondo que, prendendo-o, causaria aos judeus um golpe penoso. Como essa tropa foi apoderar-se da torre e forçar a entrada, uma vez que havia sido dada a ordem de atear fogo e incendiar as portas, Razis, quando ia ser preso, transpassou-se com a própria espada, preferindo morrer nobremente antes que cair nas mãos dos ímpios e padecer ultrajes indignos de seu nascimento.

I Cr 10,4
Então disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada, e atravessa-me com ela; para que porventura não venham estes incircuncisos e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não quis, porque temia muito; então tomou Saul à espada, e se lançou sobre ela.

  • INTERCESSÃO DOS SANTOS

Outro problema que aqui sera refutado: a intercessão de Jeremias. Os protestantes dizem que os Santos não podem interceder pelos habitantes da terra, porém, sabemos pelas próprias escrituras que as almas clamam a Deus e que Moisés mesmo morto, apareceu a Cristo em sua transfiguração, dessa forma, cai por terra à falácia daqueles que não aceitam os dois livros de Macabeus.

II Mc 15,12-14Assim armou a todos não com a segurança que vem das lanças e dos escudos, mas com a coragem que suscitam as boas palavras. Narrou-lhes ainda uma visão digna de fé uma espécie de visão que os cumulou de alegria. Eis o que vira: Onias, que foi sumo sacerdote, homem nobre e bom, modesto em seu aspecto, de caráter ameno, distinto em sua linguagem e exercitado desde menino na prática de todas as virtudes, com as mãos levantadas, orava por todo o povo judeu. Em seguida havia aparecido do mesmo modo um homem com os cabelos todos brancos, de aparência muito venerável, e nimbado por uma admirável e magnífica majestade. Então, tomando a palavra, disse-lhe Onias: Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus.
Ap 6,9-10E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.


  • O LIVRO NÃO SE DECLARA INSPIRADO

Um dos grandes motivos que muitos procuram usar para dizer que o livro de Macabeus não é inspirado, é alegar que o autor declara que aos escrever, “não pode fazer melhor“.
Assim diz:

II Mc 15,38-39Assim se desenrolaram os acontecimentos relativos a Nicanor, e já que a partir dessa época Jerusalém permaneceu em poder dos hebreus, finalizarei aqui minha narração. Se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu desejo; se ela está imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor.

A grande verdade é que o fato do autor dizer essa frase, não impossibilita que o livro fosse inspirado! Como veremos abaixo, em muitas ocasiões das cartas do apóstolo Paulo, lemos que o mesmo ao escrever algumas palavras enfatiza que sua escrita não é do “Senhor” e sim, uma opinião sua! No capítulo 7 e 11 de Coríntios vemos que o discípulo:

"Diz que é ele quem diz, não o Senhor"

I Cor 7,12Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. 

"Diz que ele não tem um mandamento do 'Senhor', mas da o seu parecer"


I Cor 7,25Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel.

"Diz que o que fala não é segundo o Senhor, mas sim por sua loucura"

II Cor 11,17O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas como por loucura, nesta confiança de gloriar-me.

O fato de Paulo dizer algumas coisas usando a sua pessoa e não a “palavra do Senhor”, não desmerece e nem tira a inspiração da carta, pelo contrário, faz de suas letras fontes de edificação. Encontramos exemplos variados nas escrituras, mas, ao que parece, os opositores da verdade enxergam somente aquilo que seus olhos querem ver.


CONCLUSÃO

Os livros deuterocanônicos compõem conceitos, ideias e doutrinas que se assemelham a outras obras que se fazem presentes no cânon hebraico. Através das citações aqui apresentadas, conseguimos visualizar que os livros de Macabeus, revelam a verdade que consta em toda a Bíblia e a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, acertadamente os considera palavras sagradas e inspiradas.

Em Cristo Jesus;

Érick Gomes

sexta-feira, 12 de abril de 2013

QUAL O SENTIDO DO USO DAS IMAGENS?



INTRODUÇÃO

É comum que algumas "confissões cristãs" sempre confrontem os católicos com perguntas e críticas a respeito da utilização de imagens, pinturas, relíquias e ícones. Um dos frequentes questionamentos deve-se ao fato de que algumas passagens bíblicas as condenariam. Especificamente, encontramos no decálogo o argumento que é muito utilizado por protestantes (exceção de algumas alas do luteranismo e anglicanismo) que condenam seu uso. Ao lermos o capítulo vinte (20) de Êxodo, vemos que Iahweh condenou qualquer fabricação de semelhanças que se encontrem no céus ou sobre a terra: 

Ex 20,4 - Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. 

Aqui fica a pergunta: Se Deus condenou o uso, por qual razão a Igreja utiliza desses artifícios? 

Inicialmente é necessário analisar o contexto bíblico. O mandamento foi uma consequência da infidelidade do povo de Deus. Bastou a demora de Moisés para que o povo fundisse um bezerro de ouro e o adorasse como seu fosse um deus (Ex 32) renegando assim, o criador. Nosso Senhor condena qualquer ato que implique na troca de sua verdadeira soberania por coisas inferiores. A Idolatria é uma comoção interna do coração dos homens onde, tendemos a colocar outras coisas no lugar do autor supremo (dinheiro, status, bens  materiais, criaturas e etc) e essa inversão foi à causa da tristeza do Altíssimo com o seu povo escolhido: adoraram um bezerro de ouro e blasfemaram o Senhor. Aqui, a imagem virou um objeto de escárnio e maldição e por esse motivo, Nosso Senhor proibiu sua fabricação, porém, se analisarmos o velho testamento e precisamente suas construções (tabernáculo e templo), adiante, veremos que a proibição não era inclusa para outras imagens! E por quê? Simplesmente porque o mandamento de Deus proíbe a fabricação de ídolos e não de todas as representações! Deus não se contraria em suas palavras e como podemos constatar em diversas passagens, o salvador utiliza de imagens para revelar ao seu povo seus mistérios. Veremos aqui, alguns dos grandes exemplos bíblicos de que esse costume adotado pela Igreja, já havia sido influenciado pelos próprios judeus. 

TABERNÁCULO 



Antes da construção do Tabernáculo, foi ordenado a Moisés que ele o erguesse conforme o modelo mostrado no monte:

Ex 25,40
Faz tudo de acordo com o modelo que te foi mostrado no alto da montanha.

E qual era o modelo? O modelo era refletir as verdades celestiais e por esse motivo, Deus solicita que Moisés:
 

  • Pinte as cortinas e véus do templo com IMAGENS de querubins (Ex 26,1 e 26,31);
  • Nosso Senhor orienta a confecção de duas IMAGENS de querubins fundidos com ouro para serem colocados na extremidade do propiciatório (Ex 25,18);
  • Haviam IMAGENS de chifres no tabernáculo (Ex 27,2);
  • Velas acesas perante as tábuas da Lei (Ex 27,20-21);
  • Incenso queimado no altar (Ex 30,1);
  • Objetos sagrados, onde as pessoas que os tocavam eram "santificadas" (Ex 30,29).

Ao fim de toda a construção, o escritor revela que "Deus habita no santuário", isto é, mesmo que houvessem pinturas, ícones e imagens dentro do tabernáculo, ali era o local onde Iahweh se fazia presente (Ex 25,8) e era santo pois fora ungido (Ex 40,9). 

TEMPLO CONSTRUÍDO POR SALOMÃO



Na construção do Tempo erguido por Salomão, verificamos a sacramentalidade inserida dentro do ambiente judaico, provando mais uma vez que, o uso de imagens não é uma herança pagã e sim, um costume judaico/cristão já adotado pela Igreja primitiva. No templo construído havia:

  • Duas imagens de querubins no oráculo (I Rs 6,23);
  • As paredes (internas e externas) eram entalhadas de anjos e palmas (I Rs 6,29);
  • As portas eram entalhadas e cobertas de ouro com querubins, palmas e flores (I Rs 6,32);
  • Doze touros no templo (I Rs 7,23);
  • Almofadas e Juntas havia imagens de leões, bois e querubins (I Rs 7,29);
  • Nas placas do templo, esculpidos, haviam, querubins, leões e palmas (I Rs 7,36);
  • Objetos sagrados (I Rs 8,4).

No livro de segunda Crônicas, lemos outros adornos no templo, sendo eles:
  • Objetos Sagrados (I Cr 22,19);
  • Haviam figuras de bois e duas fileiras do mesmo animal (imagens fundidas) (II Cr 4,3);
  • Havia outros 12 bois: três que olhavam para o norte, três que olhavam para o ocidente, três que olhavam para o sul, e três que olhavam para o oriente (II Cr 4,4);
  • Querubins escupidos nas paredes (II Cr 3,7);
  • Querubins bordados nas cortinas (II Cr 3,14).

No livro de Ezequiel, podemos enxergar mais detalhes do templo. A partir do capítulo 41, encontramos muitas referencias sacras, tais como:

  • Acima da porta, no interior do templo e por toda a parede (dentro e fora) estava coberto por figuras (Vrs 17);
  • Haviam dois querubins, sendo que os mesmos estavam ESCULPIDOS da seguinte forma: Um lado da face era humano e o outro lado era de um leão (Vrs 18 e 19);
  • Na parede do templo, do piso até a porta, mais representações de querubins (Vrs 20);
  • Algumas portas do templo também tinham figuras de querubins (Vrs 25).

COBRA FUNDIDA PARA CURAR



Um dos retratos visíveis de Cristo que podem ser refletidos no velho testamento, trata-se da cobra erguida por Moisés. No evangelho de João é dito que:

Jo 3,14
 – E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado.


E qual serpente foi essa? Bom, para que o povo de Deus fosse salvo das picadas das cobras, Iahweh ordenou:


  • Fundição de uma IMAGEM de uma serpente de bronze que colocada em uma haste, seria motivo de “salvação”, uma vez que, todo aquele que OLHASSE para a IMAGEM viveria, ainda que tivesse sido infectado (Nm 21,8-9).

É importante afirmar que, embora os hebreus já tivessem dado provas suficientes que se corrompiam facilmente frente a ídolos, em nenhum momento, existiu questionamentos por parte de Moisés ou resistência em fundir a imagem da cobra. Talvez, o primeiro questionamento que deveria ser levantado pelo libertador é o fato de correr riscos ao esculpir tal escultura, já que Israel, poderia ver nesta imagem um deus, entretanto, não é isso que comprovamos ao ler o texto bíblico. Deus ordena que Moisés faça a cobra e a coloque sobre uma haste e assim, todo aquele que olhasse para a serpente, seria curado. Aqui, vemos claramente que o problema não se encontra em uma imagem propriamente dita, mas sim, na intenção de quem a vê. Iahweh poderia ter usado de outros recursos para curar seu povo e mesmo sabendo de todo o perigo que já havia se passado com o "bezerro de ouro", ordenou sua confecção. 

Assim, quando os israelitas deixaram de "venerar" tal objeto e passaram a adorá-la, ela foi destruída (II Rs 18,4). O escritor do livro de Reis, deixa claro que a "Cobra erguida por Moisés foi feita em pedaços". 


A IMPORTÂNCIA DA ARCA DA ALIANÇA




Embora na arca da aliança, fosse manifestada a presença de Deus (Ex 25,22) é notável dizer que o objeto em si, tinha grande importância para os Israelitas. Lemos em algumas passagens que seu uso era grande no meio do povo:
  • Quando a nação de Israel se movia, a arca deveria ir a frente (Nm 10,33);
  • Os anciãos se prostravam perante a arca que possuía imagens (Js 7,6);
  • O povo Judeu acreditava que a arca da aliança, os salvaria da mão dos filisteus (I Sm 4,3 - vrs 7);
  • Procissão com a arca (I Sm 6,21; 7,1);
  • Davi e toda a casa de Israel dançava perante a arca (II Sm 7,18);
  • Embora a arca fosse feita de imagens fundidas, para o povo de Israel, ali encontrava-se o próprio Deus (I Cr 13,8);
  • Embora Salomão tenha sido o construtor do templo, a vontade de seu Pai Davi era construir uma casa estável para a "Arca da Aliança" (II Cr 28,2);
  • A arca era transportada no ombro, assim como as procissões cristãs católicas da atualidade (II Cr 35,3)

AS CATACUMBAS CRISTÃS



Até o presente momento, através das sagradas escrituras, conseguimos identificar que o uso de imagens é parte integral da cultura judaica e é justo dizer que os primeiros cristãos as usavam, já que os novos convertidos eram hebreus, adiante, os gentios se juntaram a essa multidão de novos crentes. Embora a bíblia não narre com total clareza a forma cultual e o local em que eram celebradas as primeiras manifestações dessa nova fé, vemos através da história que as perseguições geradas pelo império obrigou muitos cristãos a oferecem seus "sacrifícios espirituais" em locais inapropriados, já que muitos desses lugares, eram cemitérios de pessoas que já haviam sido martirizadas. Tais pontos de encontro atualmente, são reconhecidos como catacumbas que eram construídas em locais subterrâneos e os corpos falecidos eram enterrados e os que ali ficavam, poderiam adorar a Cristo. Dessa forma, vemos que nestes locais, haviam muitas imagens e pinturas já indicando que a Igreja, desde muito cedo, trilhava uma iconografia, mesmo que muito simples.


Acessando os links abaixo, poderemos ver o quão é antigo o uso de imagens e pinturas no início da era cristã:

http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/historia_da_igreja/a_arte_crista.html

http://www.catacombe.roma.it/it/percorsi.php

http://noticias.terra.com.br/ciencia/italia-catacumbas-cristas-reabrem-apos-cinco-anos-de-restauracao,fb4610d19c172410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

http://www.pime.org.br/mundoemissao/culturaculcristaos.htm


CONCLUSÃO

Frente a tantos argumentos positivos, o que devemos pensar? Que Deus se contradiz? Claro que não! A resposta é clara: Nosso Senhor proíbe a fabricação de ídolos e não de todas as imagens! Desde o início da Igreja, os cristãos tem enfeitado suas paróquias e comunidades com as mais diversas imagens refletindo assim, a vida de todos os santos e mártires na fé. Basta verificar que as catacumbas do primeiro século (local de culto dos cristãos primitivos) continham imagens que representavam a vida do povo sofrido. O próprio escritor de Hebreus, relembrando o modelo instruído por Deus a Moisés, confirma tudo aquilo que é celestial para nós:

Hb 8,5
Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou. 


As imagens católicas são para uso catequético, assim como a palavra ouvida evangeliza, a imagem revela aos olhos dos crentes a mesma evangelização, porém, de forma visual.
 As Igrejas também representam o paraíso celeste e por esse motivo guardamos com piedade em nossos templos, as imagens e pinturas que são as lembranças daqueles que por amor a Jesus Cristo, morreram em amizade de Deus e hoje, já desfrutam de sua glória. 

Herança judaica deixada e seguida até hoje por cristãos católicos, ortodoxos e coptas. 

São Gregório de Nissa (Católico sim Idólatra Não, pg 65)
 “O desenho mudo sabe falar sobre paredes das Igrejas e ajuda grandemente

São João Damasceno (749) (Por que sou católico, pg 123) – "O que a bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados". 


Em Cristo Jesus;


Érick Augusto Gomes